Broderagem: entenda o significado dessa prática sexual entre homens
- Redação Uomini

- 11 de out.
- 4 min de leitura
A palavra broderagem (ou brotheragem) se popularizou em aplicativos de relacionamento e redes sociais, tornando-se um termo que certamente você já deve ter lido, especialmente em perfis de usuários que buscam interações com outros homens.

Mas o que, de fato, significa "broderagem" e por que ela gera tanta discussão, principalmente sobre sexualidade e identidade?
O que é broderagem?
Em sua essência, a broderagem é o termo utilizado para descrever a prática sexual entre homens que não se identificam como gays ou bissexuais.
Segundo os indivíduos que a praticam, o ato permite a satisfação do desejo sexual ou a experimentação com outros machos sem que isso, teoricamente, coloque em risco sua masculinidade e heterossexualidade.
Para manter esse distanciamento da identidade gay, a broderagem geralmente é marcada por algumas "regras" não ditas ou restrições:
Ausência de afeto ou romantismo: A prática é estritamente focada no prazer sexual, sem beijos, carícias românticas ou qualquer demonstração de vínculo afetivo. O foco é a "pegação" ou o "alívio".
Negação da identidade: Os participantes se esforçam para manter a autoidentificação como heterossexuais, tratando o ato como uma exceção, uma "zoação" ou simplesmente uma forma de satisfazer uma carência física ou curiosidade.
Sigilo e dissociação: É comum o pacto de sigilo, onde a prática não deve ser exposta ou discutida, preservando a imagem social de "macho hétero".
Broderagem no contexto gay
Para a comunidade e o contexto gay, a broderagem é vista majoritariamente como uma expressão de homofobia internalizada e um mecanismo de autoengano.
Negação da sexualidade: Na perspectiva da sexualidade fluida e da comunidade LGBTQIAPN+, ter desejo sexual recorrente e engajar-se em atos sexuais com pessoas do mesmo sexo, independentemente de rótulos, é uma manifestação de uma atração homo ou bissexual. O uso do termo "broderagem" seria, portanto, uma tentativa de negar ou compartimentalizar essa atração para não sofrer o estigma social de ser gay.
Privilégio e medo: Os praticantes da broderagem buscam ter o "melhor dos dois mundos": experimentar a sexualidade com outros homens, mas sem perder o privilégio de ser visto socialmente como heterossexual. O medo de serem "taxados de gays" ou de serem associados à "afetação" e aos estereótipos gays é o principal obstáculo que os leva a criar esse subterfúgio.
O "não é gay se não for afetivo": A negação do afeto e o foco exclusivo no ato sexual bruto servem como a "linha de defesa" para que o indivíduo se diga hétero. No entanto, para a maioria das pessoas gays, bissexuais e estudiosos da sexualidade, o desejo pelo ato sexual com o mesmo sexo é suficiente para questionar a identidade puramente heterossexual.
Em resumo, a broderagem é um fenômeno social que revela as contradições da masculinidade tradicional e a rigidez da heteronormatividade. É um "jogo de ambiguidade" que permite aos homens flexibilizar os limites de sua sexualidade em um espaço privado, desde que consigam manter intacta sua fachada social de heterossexualidade.
Para aprofundar a reflexão
A sua identidade sexual é definida pelo desejo ou pelo ato? A broderagem é uma prova da fluidez da sexualidade humana ou apenas um sinal do quanto o preconceito social (homofobia e bifobia) ainda reprime e força a negação de quem se é?
Apesar do termo buscar dissociar o ato da identidade, o fenômeno da broderagem continua a estimular discussões importantes sobre os limites da sexualidade e os impactos da pressão social e da masculinidade tóxica na autoaceitação.
A broderagem em contextos gays e bi: o "meio-termo"
Embora a broderagem seja amplamente associada à negação da homossexualidade por parte de homens héteros, ela também pode ser adotada por alguns homens que já se identificam como gays ou bissexuais para definir um tipo específico de interação sexual:
Masturbação mútua sem sexo completo: Para alguns, a broderagem pode ser o ato de se masturbarem juntos ou praticarem sexo oral um no outro, mas estabelecendo um limite claro para o contato íntimo completo, como o beijo na boca e a penetração.
Ato de alívio sem vínculo: Neste contexto, a broderagem serve como uma forma de buscar prazer sexual mútuo de maneira casual e sem compromisso. É uma maneira de satisfazer uma carência física ou tesão sem criar expectativas de relacionamento, romance ou até mesmo de um full sex (sexo completo).
Uma questão de preferência e limite: Aqui, a prática não está ligada à negação da identidade (já que ambos se entendem como gays/bi), mas sim a uma preferência sexual momentânea ou ao estabelecimento de limites para o encontro. É uma zona cinzenta onde há intimidade sexual, mas que deliberadamente evita o envolvimento físico e emocional que o beijo ou a penetração poderiam simbolizar para esses indivíduos naquele momento.
Portanto, mesmo dentro da comunidade, o termo é usado para indicar um pacto de não-envolvimento além de um determinado ponto físico, mantendo a interação puramente no campo do desejo e do prazer rápido.
O limite é a chave
Seja entre homens que se dizem héteros (para negar a identidade gay) ou entre homens gays/bi (para limitar o envolvimento físico), o conceito central da broderagem é o mesmo: o estabelecimento de um limite que permite o prazer sexual com outro homem, mas evita um passo adiante, seja ele o rótulo social ou o envolvimento íntimo. É sempre uma interação onde o que é feito é tão importante quanto o que é vetado.




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