Parafilia: desejos e padrões de excitação sexual
- Redação Uomini

- 3 de out.
- 3 min de leitura
O universo da sexualidade humana é vasto e diverso, abrangendo uma ampla gama de interesses, desejos e fantasias.

Dentro desse espectro, encontramos o conceito de Parafilia, que descreve um conjunto de desejos e padrões de excitação sexual que se concentram em objetos, situações ou atividades que são consideradas atípicas ou fora do padrão socialmente aceito.
É crucial entender que o termo "parafilia" em si descreve apenas o interesse sexual. Só quando esse interesse causa sofrimento, angústia ou coloca outras pessoas em risco é que ele passa a ser classificado como um Transtorno de Parafilia, necessitando de intervenção e tratamento.
O Que é parafilia?
Parafilia é caracterizada por fantasias, impulsos ou comportamentos sexuais intensos e persistentes que envolvem objetos, atividades ou situações incomuns.
Exemplos de parafilia incluem:
Voyeurismo: Excitação ao observar outras pessoas nuas ou engajadas em atividades sexuais sem o consentimento delas.
Exibicionismo: Desejo de exibir as próprias genitais a estranhos.
Frotteurismo: Excitação em tocar ou esfregar-se em pessoas sem o consentimento delas.
Sadomasoquismo (S/M): Excitação em causar sofrimento físico ou psicológico (sadismo) ou em receber sofrimento (masoquismo).
Fetichismo: Excitação sexual focada em objetos inanimados ou partes não genitais do corpo.
Cross-dressing (Travestismo): Excitação sexual intensa e recorrente em se vestir com roupas do sexo oposto.
Atenção: Se um desejo atípico não causa sofrimento ao indivíduo e não envolve coerção ou dano a outras pessoas, ele é considerado uma parafilia e, geralmente, não requer tratamento. A diversidade de interesses sexuais é normal.
Sintomas e a diferença crucial
A linha que separa uma parafilia de um Transtorno de Parafilia é determinada pela sua duração, pelo sofrimento que causa e pelo risco de dano.
Sintomas comuns de parafilia (interesse atípico):
Os sintomas são, basicamente, o foco da excitação sexual:
Excitação intensa ao ver pessoas nuas ou durante atividades sexuais específicas.
Impulsos sexuais recorrentes e intensos para exibir as genitais, tocar estranhos ou usar objetos inanimados.
Desejo intenso em causar ou receber sofrimento físico/psicológico para atingir a excitação.
Transtorno de parafilia: o limite da necessidade de tratamento
Uma parafilia se torna um Transtorno de Parafilia quando:
Duração: O padrão de fantasias, impulsos ou comportamentos persiste por, pelo menos, seis meses.
Sofrimento Pessoal: Causa dificuldades psicossociais, como ansiedade, angústia, vergonha ou culpa no indivíduo que o pratica.
Dano a Terceiros: A prática prejudica ou expõe outras pessoas a riscos, geralmente por envolver coerção ou falta de consentimento (como no voyeurismo, exibicionismo e frotteurismo).
O Transtorno de Parafilia é diagnosticado por um clínico geral ou psiquiatra, que avalia a intensidade dos sintomas, sua duração e o impacto na vida do paciente e de terceiros.
Possíveis causas
A ciência ainda não tem uma resposta definitiva para a causa exata das parafilias e de seus transtornos. Acredita-se que sejam multifatoriais, envolvendo a interação de:
Fatores Biológicos: Podem incluir alterações neuroquímicas ou hormonais.
Fatores Ambientais e Socioculturais: Experiências de vida, como abuso sexual na infância, traumas e o uso de substâncias, são fatores que podem estar relacionados ao desenvolvimento dessas condições.
Fatores Genéticos: A predisposição genética também é considerada uma possível influência.
É importante notar que os transtornos de parafilia são geralmente mais comuns em homens.
Como é feito o tratamento
O tratamento só é indicado quando o interesse atípico evolui para um Transtorno de Parafilia, ou seja, quando causa sofrimento ou risco de dano.
O objetivo é reduzir o sofrimento do indivíduo e proteger a sociedade de comportamentos prejudiciais. O tratamento geralmente combina duas abordagens principais:
1. Psicoterapia
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais utilizadas. Ela foca em identificar e modificar os padrões de pensamento e comportamento que levam aos impulsos sexuais disfuncionais.
A terapia ajuda o paciente a desenvolver mecanismos de controle e a redirecionar o foco sexual de maneira saudável.
2. Medicamentos
O médico psiquiatra pode prescrever medicamentos para ajudar a controlar os impulsos sexuais intensos:
Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS): São frequentemente usados para tratar a ansiedade, a depressão e podem ajudar a reduzir a intensidade dos impulsos sexuais.
Antiandrogênicos e Análogos Esteroide Sintéticos: Em casos mais graves, esses medicamentos podem ser usados para diminuir os níveis de testosterona, reduzindo o drive sexual e os comportamentos de risco.
Se você está vivenciando sofrimento, ansiedade ou culpa em relação aos seus impulsos sexuais, ou se teme causar danos a terceiros, procure imediatamente a ajuda de um profissional de saúde mental, como um psiquiatra ou psicólogo. Buscar tratamento é um passo corajoso em direção ao bem-estar e à segurança.




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